Tremula o bronze,
escondido sob tua terra,
às passadas enormes
de um povo bravo
direcionado à luz
obstinado mesmo
a partir em guerras
até verter do céu
os raios que comprovam:
deus é nosso,
corre em auxílio
ou o duro aço
há de partir também o céu
e vazá-lo de lá
nosso escravo.
Ondas de ócio
inspiram meu primeiro ato:
te escrevo, Virgília amada.
Não há nada que contar
a velha terra está vazia,
como sempre,
os valores em imundície
jazem atrozes
baixo a uma fraca luz pálida,
mostruário horrendo
vestindo estátuas disformes,
não com o manto sagrado,
mas trapos de putas,
pano oco, translúcido,
roupa de gente morta,
paralisia cerebral.
Minha terra, amor,
é um cemitério triste,
cheio de festas e luzes,
rituais satânicos,
a inconsciência coroada,
desfila para as massas
um rei televisivo,
vão em fúria aos comícios,
perdem-se em ideias vãs,
esconde o asfalto
a verdade, a cor do chão,
o verdadeira sustento,
não querem nascer verduras
para mirarem tais raios,
indignos de suas danças às alturas.
Máculas, manchas roxas,
é o que vejo, Virgília,
a andar por minha velha terra,
foi-se o café, esgotado.